Indígenas brasileiros lutaram na FEB contra o nazismo na Segunda Guerra Mundial

Imagem: Venceslau Ribeiro (à direita): indígena chegou ao posto de segundo sargento na FEB e lutou contra os nazistas na Itália na Segunda Guerra Mundial. Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército/Divulgação

A história dos indígenas brasileiros que lutaram com os Aliados para derrotar as potências do eixo é pouco conhecida. Cerca de 25 mil soldados brasileiros combateram as tropas nazistas de Adolf Hitler e entre eles estavam dezenas de indígenas das etnias guarani, terena, cadiueu e kinikinau.



Os soldados indígenas integraram a FEB (Força Expedicionária Brasileira), espalhados em diferentes divisões como infantaria (responsável por atacar e defender) e engenharia (que tinha a função de desmontar armadilhas, desarmar minas e abrir estradas). 

Segunda Guerra Mundial e FEB


Em 1942, o Brasil declarou guerra a Alemanha nazista após ter 35 navios atacados e 32 afundados, causando centenas de mortes. Dois anos depois os soldados embarcaram para a Itália. 

A FEB foi criada especialmente para lutar contra o nazismo. As tropas venceram batalhas históricas como as de Monte Castello e Castelnuovo. 

Mas, após a derrota de Hitler, foi extinta pelo governo de Getúlio Vargas por medo de que os soldados que lutaram pela democracia e liberdade na Europa se levantassem contra a ditadura do Estado Novo. 



O Nono Batalhão de Engenharia era composto por diversos indígenas. Em uma das ações, o batalhão capturou uma bandeira nazista quando rendeu a 148ª Infantaria do Exército alemão em abril de 1945.

A bandeira encontra-se exposta no Museu Marechal José Machado Lopes, em Aquidauana, a 118 km de Campo Grande. Segundo os pesquisadores, a maioria dos indígenas que lutaram na FEB eram do Mato Grosso do Sul. 

É possível encontrar na aldeia de Ipegue, em Aquidauana, o túmulo de Irineu Mamede, soldado da etnia terena que esteve no Primeiro Regimento de Infantaria, o mesmo que atuou na tomada de Monte Castello, um morro íngreme de 977 metros que no inverno de 1945 e o domínio do local era essencial para barrar as tropas de Hitler na Itália. 

Traumas da guerra e discriminação




Os pracinhas brasileiros foram tratados como heróis pelos italianos libertados do domínio nazista. Porém, muitos deles adquiriram traumas. 

Quando retornaram ao Brasil, alguns dos indígenas tiveram sequelas psicológicas, não queriam saber da cidade, passaram a temer fogos de artifício pelo fato do barulho lembrar disparos, além de evitarem pegar em armas até mesmo para caçar. 

Os veteranos tiveram ainda que lidar com o temor por serem vistos com desconfiança pelo governo e com a discriminação. 

Segundo relatos, o comando da FEB solicitou uma guarda de honra sem negros para receber o príncipe Humberto da Itália e um general teria ordenado que os soldados de pele escura desfilassem em colunas internas e os brancos ficassem nas laterais, visíveis ao público. 


Fonte: Folha de São Paulo

4 comentários:

  1. Acho incrível a participação que nós tivemos na segunda guerra, e que infelizmente uma grande parcela da população brasileira desconhecem. Quando conto um pouco da FEB para algum conhecido, é fascinante enxergar a emoção da nova descoberta, e dizer que sim, já participamos de um guerra e que tivemos uma atuação honrosa e decisiva.

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  2. Muito foda seu site! Sucesso pra vc <3

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  3. Que matéria foda! Não sabia disso e olha que eu costumo ler bastante sobre o tema. Realmente, a história do nosso país é muito não contada a nós! Graças a historiadores incríveis como vc em nosso país que podemos ter acesso a, de fato, a história do nosso país e do mundo de contada de forma tão acessível! Obrigada por tudo, professor!

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  4. Muito interessante isso. Você tem referências de livros e documentos históricos? Seria legal para trabalhar em sala

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